SAUDADE...
Engulo a saudade com goles de vinho seco. Dói saber que não mais posso te ter. Parte de mim se conforma... A outra enlouquece...
Inquieta alma que se afoga no charco da dor, soluços de angústia... Por que amor, acabou de nascer, já insiste em morrer? Chegada intranquila...
Nem bem se acomoda , desenha a partida. Por que não fica? há tempo de sobra... Respira... Sossegue em meu peito, meu corpo ainda te quer.
Não vá! há tempo pra amar... É cedo, não se despeça. Há tempo pra ficar...
Os copos ainda estão cheios, desejos ainda transbordam, seque a bebida... Não siga com o vento, há tempo de voltar. Volte! cure a ferida corroída de lágrima e sal.
Estanque a sangria em ebulição. Alimente generosamente esta desvairada paixão.
Volte! O tempo não acabou... Metade de mim silencia. A outra grita pra afugentar a solidão...
M.A.
Trecho do filme: "Suplício de Uma Saudade" - 1955